sábado, 2 de abril de 2011

2 de Abril, Camões em Diálogo com Almeida Garrett

Almeida Garrett escreveu um longo poema lírico-narrativo dedicado a Luís Vaz de Camões, do qual extraímos o seguinte:


Saudade! gosto amargo de infelizes,
(...)
_Mas dor que tem prazeres_ Saudade!
(...)
Do leito... Ai! tarde vens, auxílio do homem.
Os olhos turvos para o céu levanta;
E já no arranco extremo: _"Pátria, ao menos
juntos morremos..." E expirou coa pátria.
Onde jaz, Portugueses, o moimento
Que de imortal cantou as cinzas guarda?
Homenagem tardia lhe pagastes
No sepulcro sequer... Raça d'ingratos!
Nem isso! nem um túmulo, uma pedra,
Uma letra singela! _ A vós meu canto,
Canto de indignação, último acento
Que jamais sairá da minha lira,
A vós, ó povos do universo, o envio.
Ergo-me a delatar tamanho crime,
E eterna a voz me gelará nos lábios.
Lira da minha pátria onde hei cantado
O lusitano _envilecido_ nome,
Antes que nesse escolho, em praia estranha,
Quebrada te abandone, este só brado
Alevanta final e derradeiro:
Nem o humilde lugar onde repoisam
As cinzas de Camões, conhece o Luso.

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