«Camões visto por outros poetas portugueses», é este tema que vamos abordar aos fins-de-semana. Hoje, escolhemos um poema de Bocage, dedicado a Camões.
Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego gigante:
Como tu, junto ao Ganges sussurrante
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante:
Ludíbrio, como tu, da sorte dura
Meu fim demando ao céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura:
Modelo meu és tu... Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da natureza.
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